O mercado imobiliário sempre foi a mola propulsora das economias dos países desenvolvidos. Os primeiros indicativos de crise ou de reação no contexto econômico geral sempre foram percebidos através dos investimentos na construção civil e o humor dos empreendedores do setor rotineiramente tem sido termômetro para análise de riscos e outros fatores.
No Brasil, não é diferente. Desde o início da década, o mercado imobiliário experimentou altos e baixos que impactaram a economia nacional e que acabam ajudando a explicar um pouco da crise institucional, social e política que ainda estamos atravessando. Depois de um momento de profunda euforia, a atividade econômica foi bruscamente freada por um colapso no meio da década, com a redução de recursos no mercado para a aquisição e reforma de imóveis residenciais e, dada a grande oferta de unidades e até mesmo um evidente processo de especulação econômica movido por investidores mais afoitos, experimentamos um mercado aflito, estagnado e cético quanto ao futuro. Houve também um clima de instabilidade jurídica, com controvertidas decisões judiciais acerca dos contratos imobiliários, gerando distratos e insegurança. Sempre funcionou assim: o investidor “segura” os recursos e, de camarote, analisa as oportunidades para decidir a hora de voltar a investir. Enquanto isso, a economia agoniza.
Em meio a isso tudo, a boa notícia é que 2020 deve trazer bons ventos para o setor. É possível perceber que os empresários já começaram a desengavetar projetos de construção e incorporação, prevendo lançamentos até mesmo para o final deste ano e especialmente para o primeiro semestre do próximo. Aqui mesmo em Anápolis e região já convivemos com a sensação de nítida retomada do mercado, com lançamentos de empreendimentos residenciais e comerciais em vários nichos de negócios, em clara demonstração de crença no que está por vir. É confiança no potencial e na retomada econômica, mas também na grande demanda existente. Dados da Fundação Getúlio Vargas apontam que o déficit habitacional brasileiro é de 14 milhões de moradias e apenas um crescimento estável, maduro, responsável e duradouro pode redundar em uma solução a médio prazo (até 2025).No mês passado pude ouvir vários players do mercado imobiliário em São Paulo e a percepção geral é de que as empresas estão apenas “ligando as máquinas” e que rapidamente a recuperação econômica refletirá também no preço dos imóveis. O próximo ano promete, ainda, a continuidade de uma eloquente mudança na forma de comercialização e gestão de propriedades ocasionada pela revolução tecnológica. Há uma nítida mudança no perfil dos consumidores, dos projetos, dos métodos de construção e até mesmo nas estratégias de negociação. Para completar, a legislação foi aperfeiçoada e os tribunais superiores têm decidido temas importantes para as relações no setor, tornando o ambiente ainda mais promissor. Portanto, é uma questão de aproveitar o momento e surfar na onda que está se formando.