Com cuidado, expliquei: “Pepe, ‘Zé Arruela’ é uma expressão usada para falar de alguém que não está agindo de forma sábia, coerente ou inteligente. É como chamar a pessoa de boba.” Ele fez uma pausa e respondeu: “Então, Zé é o nome dele? E por que alguém diria que ele é… uma peça de mecânica?”
Caí na risada! Tentei esclarecer que não se tratava de peças de carro, mas a confusão só aumentava. Giuseppe ficou ainda mais curioso: “Mas como pode uma pessoa ser uma arruela, isso faz sentido?”
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No fim, rimos juntos. Giuseppe ainda está se adaptando às “riquezas” dos nossos costumes linguísticos. Ele encerrou o assunto brincando que, por enquanto, seria mais fácil se todos fossem apenas “Giuseppes”, sem tantas expressões confusas.
Esse episódio ilustra, em parte, a realidade de Anápolis. Com uma população de 415 mil habitantes e 293.080 eleitores, a cidade sempre teve destaque histórico pela participação política, econômica e social. No entanto, após 30 dias de propaganda eleitoral, percebe-se que, com exceções, o nível de conhecimento dos candidatos sobre as funções de vereador e prefeito é preocupantemente baixo.
Anápolis possui uma robusta estrutura educacional, com duas universidades, um instituto técnico federal e pelo menos sete instituições de ensino superior. Mesmo assim, o desinteresse em ocupar cargos públicos e em entender as suas funções se torna cada vez mais evidente. Esse descompasso afeta o debate político e permite a ascensão de candidatos despreparados.
Um dos maiores desafios do Brasil, é a falta de engajamento de pessoas capacitadas para cargos públicos. A burocracia e a corrupção afastam bons candidatos, que evitam o envolvimento político. Isso cria um vácuo preenchido por “Zé Arruelas”, que se lançam na política sem preparo ou compromisso com o bem comum.
Infelizmente, essa tendência não se limita a Anápolis, mas também atinge grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro e outros centros, comprometendo o futuro das cidades e de seus habitantes.