A aproximação do período mais agudo da estiagem no Centro Oeste, ressuscita um antigo problema: falta de água nas torneiras. É bom que se diga: nas torneiras, porque nos córregos, ribeirões, riachos e rios, tem água à vontade. Este drama é vivido há mais de duas décadas em Anápolis, tendo em vista o crescimento da Cidade, que não foi acompanhado pelo aumento necessário do volume de água tratada aos munícipes. As razões são várias, passam pelas administrações que se sucederam, pelas políticas equivocadas de saneamento e, principalmente, pelo descaso que o assunto viveu em um passado recente.
Mas, do outro lado, tem um problema que, nem sempre é discutido. A culpabilidade sobre isso. É cômodo jogar toda a responsabilidade no poder público, quando a comunidade (domicílios e empresas) também, poderia ajudar no controle do consumo e no combate ao desperdício. Como na maioria (se não for na totalidade) das comunidades urbanas do Brasil, Anápolis não foge à regra e, também, desperdiça muito da água que é captada, tratada e distribuída aos seus moradores. Às vezes o desperdício quase que empata com o aproveitamento. Em resumo: metade do que se produz de água tratada, não tem o devido aproveitamento. Desperdiçamos água como se não houvesse amanhã. Um dos maiores equívocos da atual geração.
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Um exemplo recente mostra que nos primeiros seis meses deste ano, 40% de toda água potável captada no país foi perdida. Esse é um cenário pior que a pesquisa anterior. Em 2019, o desperdício era de pouco mais de 39%. Na região Norte do país, 51% de toda água produzida escorre pelas falhas dos sistemas de tratamento e distribuição. Este relatório aponta para uma preocupação que nem sempre é trazida à tona: os métodos utilizados para fazer a filtragem correta da água. É comum que grandes empresas prezem por sistemas que funcionam e trazem bons resultados, mas elas pouco se preocupam com os efeitos colaterais que isso pode gerar ao meio ambiente, como é o caso do desperdício. O mesmo se aplica no ambiente doméstico, quando se utiliza água tratada para irrigarem-se jardins, gramados, lavarem-se calçadas e automóveis. Em incontáveis ocasiões, deixamos torneiras abertas por horas seguidas, sem a consciência de que vai fazer falta a alguém.
Quanto às empresas, existem diversos tipos de tratamento de água no mercado e é fundamental que elas façam revisões constantes e fiquem atentas para substituírem os sistemas quando necessário. O tratamento é extremamente importante e deve ser realizado mesmo na que vem do sistema público. Também, quanto ao consumo humano, é fundamental que a água que chega pelo método convencional, receba o acondicionamento ideal, com caixas providas de tampa, em ambiente adequados e que o uso seja comedido, independentemente da condição financeira do consumidor. É bom lembrar que a água é um produto insubstituível e, de acordo com as estatísticas recentes, está cada vez mais difícil de se acessar. Ou seja: não adianta ter dinheiro se não tiver água jorrando.