Da Razão à Emoção: A evolução da felicidade como autoridade na pós-Modernidade
A mudança da modernidade para a pós-modernidade, trouxe algumas transformações na forma de pensar. No século XVII Descartes afirmou “Cogito, ergo sum”, (penso, logo existo).
O filósofo e matemático questionava a sua existência, e chegou à conclusão de que, se é um ser pensante, então existe, porque ao pensar tem consciência de si próprio.
Na pós-modernidade, o que autentica o ser, é a experiência, ou, se preferirmos, as emoções. Portanto, “se eu sinto bem, logo existo”, ou, “se estou feliz, logo me autentico.” As pessoas acreditam piamente que tem direito a ser feliz. Felicidade é o que os anúncios nos prometem se comprarmos seu produto. É o que o novo amor de nossa vida nos oferece se livrarmos do velho. As pessoas querem ser felizes, e de preferência, com a felicidade ao menor custo possível.
Pouco interessa valores e princípios. Se eu estou interessado em outro relacionamento porque “me faz feliz”, pouco interessa os votos e compromissos assumidos. As pessoas creem que Deus está 100% comprometido com sua felicidade, que é definida não qualquer absoluto, mas pelas emoções imediatas e urgentes.
O fator definidor da ética atual é a felicidade a curto prazo, imediato, o que importa é ser feliz. Tim Keller chama isto de “Deus de Stepford”, um deus elaborado por nós como acontece no filme “Mulheres de Stepford”, cujas esposas perfeitas eram criadas por seus maridos. Um deus que deseja nos ver felizes da maneira que desejamos ser felizes, que nunca contraria nossos desejos e impulsos.
Neste ambiente, a felicidade é sempre a grande autoridade. E isto nos faz pensar que Deus só quer que sejamos felizes. Sempre pronto a mimar o garoto que deseja desesperadamente alguma coisa e dá chilique se as coisas não acontecem da forma como ele deseja.
Algo curioso, entretanto, tem acontecido. Alguns dos filmes de Hollywood tem demonstrado que a promiscuidade não traz felicidade. De forma surpreendente, são os cineastas não cristãos que tem tentado mostrar esta realidade. “Nos mais diversos contextos, pessoas estão acordando para a verdade de que, viver para fazer a si mesmo feliz aqui e agora, é, na pratica, um caminho certo para garantir a infelicidade no longo prazo”(Ed Shaw)
As pessoas estão sempre mudando de ideia sobre o que traz felicidade. C. S. Lewis escreveu: “Quando queremos ser outra coisa que não aquela que Deus quer que sejamos, devemos estar desejando, de fato, aquilo que não nos fará felizes. Essas exigências divinas que, aos nossos ouvidos naturais, soam mais como as de um déspota e menos como as de alguém que ama, na verdade nos conduzem aonde deveríamos querer ir, se soubéssemos o que queremos.”
Ter a emoção como sinônimo de felicidade, pode gerar engano. Amanhã, você pode entender que sua felicidade deveria estar em outro lugar, e que sua impetuosidade e desejo supérfluo, de não querer sacrificar nada, por acreditar que o critério definitivo deveria ser sua felicidade – ou aquilo que você pensou que poderia gerar felicidade – na verdade só trouxe infortúnio e perda. Felicidade, neste sentido, se torna uma palavra muito vazia e sem sentido.