Ainda sem partido desde que deixou o PSL, em outubro de 2019, o presidente Jair Bolsonaro tem sido aconselhado a tardar a definição de sua futura sigla para 2022. Apesar de não ter se portado de forma oficial como candidato à reeleição no próximo pleito, o chefe do Executivo já deu vários indícios que buscará novo mandato.
O principal defensor do adiamento é o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. No cargo há pouco mais de um mês, o cacique do PP chegou com o intuito de melhorar a articulação política em meio à crise institucional e organizar as bases para o projeto de um novo mandato de Bolsonaro.
O argumento utilizado por Ciro para frear a decisão da sigla é a popularidade do presidente, que vem caindo gradativamente conforme novas pesquisas são realizadas. No início de julho, o Datafolha apontou que 51% dos brasileiros reprovavam a gestão de Bolsonaro, um recorde. Há também desgaste acentuado fruto do discurso inflamado contra o Judiciário e acerca de outros temas, como defender que cidadãos optassem por fuzil ao invés de feijão.
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A interlocutores, Nogueira também afirmou que o desempenho de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto será crucial para a definição da chapa. Em um cenário de recuperação, ficará livre para escolher um nome de confiança; caso contrário, será obrigado a fazer uma composição em que o partido do vice terá um peso muito relevante.
Bolsonaro havia estabelecido março como limite para a definição da sigla que integrará. O presidente dizia não querer repetir o que ocorreu em 2018, quando ingressou no PSL a sete meses da eleição. O projeto de controlar o Patriota, no entanto, esbarrou em desavenças internas na sigla, que hoje tem o senador Flávio Bolsonaro (RJ) em seus quadros. Também há conversas com PL, PTB e PMB.
Aliviar pressão do PP
Para políticos que acompanham as movimentações partidárias para 2022, Nogueira age também para diminuir a pressão para que o PP, partido do qual é presidente licenciado, receba Bolsonaro e seu grupo. Embora a legenda esteja no comando da Casa Civil, internamente há resistências ao presidente em razão dos atritos que ele provoca e por questões políticas locais, casos de estados como Bahia, Maranhão, Pernambuco e Bahia. Na viagem que fez pelo Nordeste, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com nomes do partido, casos do deputado federal Dudu da Fonte (PE) e o vice-governador da Bahia, João Leão.
— A ida do presidente para o PP vai depender da retomada da economia e da recuperação dele nas pesquisas. O ministro Ciro Nogueira e boa parte do partido estão empenhados nisso, mas se não acontecer (a melhora econômica e a reviravolta nas pesquisas), o Ciro vai consultar os diretórios estaduais, e será decidido pela maioria — resume o deputado federal Fausto Pinato (PP-SP).
(Com informações do O Globo)