Não há um dia sequer que a mídia deixe de publicar casos de violência contra a mulher neste País. Violência de todas as formas. Social, econômica, psicológica, ou física. E, segundo os dados oficiais, os autores são, em sua esmagadora maioria, homens que com elas convivem.
“O aprendizado da violência está no cerne do comportamento masculino agressivo: 70% dos homens que praticam atos violentos presenciaram violência na infância. Nasce dessa convivência e eles incorporam um padrão de agressão nas suas relações afetivas. O que foi experimentado quando criança, será trazido para os relacionamentos. Se esse homem viveu experiências parecidas de agressão, se aprendeu isso e não elaborou, ele vai reproduzir. Só tem esse exemplo na cabeça”. Estas são conceituações da promotora de justiça Valéria Scarance e da psicóloga Marilene Kehdi, ambas de São Paulo, ao tentarem explicar o fenômeno social hoje denominado e tipificado pela Lei Penal como Feminicídio.
O feminicídio, extermínio de mulheres, não é exclusivo do Brasil, mas arraigado historicamente. Apesar de avanços legais recentes, os índices brasileiros são alarmantes. Cerca de 14 feminicídios ocorrem diariamente no país, de Norte a Sul, Leste a Oeste, em uma onda crescente e assustadora, refletindo o ódio, intolerância e preconceito contra as mulheres.
Cientistas sociais, psicólogos, policiais, Judiciário e outras instituições têm buscado explicar o feminicídio, sem sucesso definitivo. A “matança de mulheres” ocorre por diversos motivos, todos injustificáveis e intoleráveis. O fenômeno tem aumentado, infelizmente, acontecendo em casebres, rincões longínquos, mansões e apartamentos de luxo, na cidade e no campo. Homens matam mulheres em uma realidade que precisa ser mudada. Apesar dos esforços ao longo dos anos, uma explicação lógica e definitiva ainda não foi apresentada à sociedade.
O feminicídio é um assunto complexo que requer mais estudos. É difícil compreender como um homem que faz juras de amor pode se tornar um assassino. O impacto nas famílias é devastador: pais que criam filhas com sacrifício as perdem para indivíduos que, por motivos injustificáveis, tiram suas vidas. A situação se agrava quando a vítima deixa filhos indefesos. A sociedade não pode se acostumar com essa realidade ou aceitar que não há como mudar o curso da vida. É possível mudar, mas é necessário vontade e coragem. Não devemos nos conformar com essa situação, mas sim buscar formas de prevenir e combater o feminicídio. (Por Vander Lúcio Barbosa – @vanderlucio.jornalista)
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