Só em 2023, os governos federal, estaduais e municipais desembolsaram mais de 124 bilhões de reais em segurança pública, com os estados sendo responsáveis por mais de 101 bilhões desse total.
A abordagem do tema violência no Brasil remete, instintivamente, aos números de crimes contra a pessoa e contra o patrimônio. Entretanto, por detrás disso, há, também, um custo silencioso, invisível à maioria da população, mas, profundamente corrosivo para a economia nacional.
Dados recentes mostram que a violência custa ao Brasil cerca de 11% do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, mais de um trilhão de reais por ano, segundo números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e estimativas de impacto econômico. É quase como se o País perdesse um Estado de Minas Gerais inteiro em valor econômico, anualmente, apenas, ao tentar lidar com os efeitos diretos e indiretos da criminalidade.
“É um dos maiores custos estruturais do Brasil. A violência compromete investimentos, afasta o turismo, pressiona os gastos públicos e impõe um custo altíssimo às empresas e famílias. É uma sangria constante que trava o desenvolvimento econômico”, analisa André Charone, consultor financeiro e mestre em negócios internacionais.
Números preocupantes
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública aponta que o Brasil registrou 46.328 mortes violentas intencionais em 2023, o menor número desde 2011, mas, ainda, alarmante. Isso equivale a 22,8 homicídios a cada 100 mil habitantes, uma taxa ainda elevada para padrões internacionais.
São os número mais recentes que podem, ter sofrido alterações para mais, ou, para menos, daquele ano para cá. E, a cada assassinato, não é apenas uma vida que se perde. Segundo estimativas do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), cada morte custa, em média, um milhão de reais aos cofres públicos, ao se considerarem gastos com sistema de saúde, previdência, segurança, processos judiciais e perda de produtividade. O total anual ultrapassa 46 bilhões de reais, apenas, com homicídios.
Para o especialista, “quando uma cidade enfrenta altos índices de violência, há desvalorização imobiliária, evasão escolar, retração do comércio e perda de produtividade nas empresas. Esse impacto indireto é, ainda, mais difícil de mensurar e mais profundo”. Esse gasto, porém, não abrange outros custos associados, como os da justiça criminal, sistema penitenciário e saúde pública.
O SUS, por exemplo, gastou 41 milhões de reais em 2022, apenas, com internações por ferimentos causados por armas de fogo, um número que não inclui atendimentos ambulatoriais, cirurgias de emergência, reabilitação e os custos psicológicos para vítimas e familiares. A violência também é um peso para o setor produtivo. Segundo a Confederação Nacional da Indústria, empresas gastam, em média, 1,7% do PIB com segurança privada, o que representa aproximadamente 170 bilhões de reais por ano. São recursos que poderiam ser investidos em inovação, expansão ou geração de empregos. Além disso, empreendimentos localizados em áreas violentas sofrem com queda no fluxo de clientes, aumento do custo do seguro e rotatividade de funcionários.
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