Há alguns anos, eu e meu filho Henrique fazemos uma viagem juntos para conhecermos algum lugar e, dessa vez, escolhemos a África. Certamente foi na África que todas as coisas começaram e acredito que o Jardim do Éden foi criado nesse continente. Tive a oportunidade de ministrar para líderes e jovens na cidade de Antananarivo. A mensagem foi traduzida para o francês e o malgaxe, e fui convidado para falar em um grande evento para a juventude em 2018.
Essa viagem foi uma experiência que jamais esqueceremos, tanto pela singularidade das belezas naturais quanto pela miséria do povo africano. Nós não temos noção do sofrimento de, pelo menos, 14% da população africana que vivem em situação de extrema pobreza. Não fazemos ideia da dor das crianças que usam caixas vazias como seus únicos brinquedos, e dos idosos com o semblante triste e olhar distante. Para se ter uma ideia, em Madagascar, por exemplo, cerca de 90% da população vive com menos de dois dólares por dia. O que podemos comprar com R$ 7 no Brasil?
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Nos poucos dias que ali ficamos, percebi que uma das causas da pobreza extrema do continente é a cultura da corrupção. Logo ao desembarcar no país, e a todo momento você, é surpreendido por pedidos de propina feitos sem nenhum constrangimento. Essa prática está arraigada de um modo geral, desde os funcionários da imigração e policiais das ruas até os altos cargos do governo. Eu oro para que a conscientização e luta contra a corrupção que estão acontecendo no Brasil nestes últimos anos também aconteçam na África. Oro, também, para que Deus levante homens corajosos e íntegros para conduzir esse processo.
Na África, você encontra pessoas muito ricas e uma enorme quantidade de miseráveis. E são esses miseráveis que clamam por justiça e ajuda. Com certeza o sangue desses inocentes está pesando sobre todos, principalmente sobre a igreja evangélica mundial. Nesses 20 dias de viagem, minha oração tem sido para que Deus desperte a igreja cristã no mundo, a fim de que volte seus olhares para esse continente, invista em missões e crie condições para minimizar o sofrimento desse povo.
É impossível ir à África e continuar sendo o mesmo. Dediquei 35 anos da minha vida às pessoas mais sofridas do Brasil, mas, após me deparar com a realidade africana, a sensação que tenho é que não fiz absolutamente nada pelos pobres de Deus. Escrevi esse texto nas minhas últimas horas na África, mais precisamente em Joanesburgo, e retorno ao Brasil com a certeza de que parte do meu coração vai permanecer aqui e de que os compromissos que assumi com meus irmãos em Cristo em Madagascar serão cumpridos, com a força de Deus e com as condições que Ele vai me dar a fim de possibilitar que pelo menos alguns tenham um pouco mais de acesso à felicidade.