Aeronave atingiu fios de transmissão elétrica na cidade de Caratinga-MG antes de fazer pouso forçado à dois quilômetros de distância do local de pouso
A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) divulgou nota nesta sexta-feira (5) dizendo que o avião bimotor que transportava a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas atingiu um cabo de uma torre de distribuição da empresa, em Piedade de Caratinga, no Vale do Rio Doce.
A Aeronáutica apura diversas hipóteses para o acidente aéreo que matou a cantora. O avião, um bimotor King Air da Beech Aircraft, fabricado em 1984, decolou de Goiânia e caiu em uma cachoeira a 2 quilômetros da pista onde faria o pouso, segundo informou a Polícia Militar mineira. A aeronave tinha capacidade para 4,7 mil quilos e podia levar até 6 passageiros.
Informações preliminares relatadas por pilotos que sobrevoaram a região próximo ao momento do acidente e também de testemunhas são de que o avião “rasgou” fios de alta tensão ligadas a uma torre próximo ao local.
Problema com fiação já era conhecido
Os órgãos aéreos da região já haviam recebido relatos de outros pilotos antes do acidente, nos meses de setembro e agosto, de que os fios elétricos atrapalhariam o pouso no aeródromo de Caratinga.
São relatos denominados de Notam (Notificação Aeronáutica) e que indicam dados sobre riscos e alertam outros pilotos que se dirigem à região sobre perigos para operar no local.
Uma testemunha relatou às autoridades que, após colidir contra os fios, o avião teria perdido um motor. A aeronave tinha dois motores mas, segundo essa testemunha, que também é piloto, a aeronave teria perdido sustentação com a colisão (estolado).
Para confirmar essa ou outros fatores que podem ter contribuído para o acidente, a FAB irá fazer uma perícia nos destroços do avião, ouvir testemunhas das pistas de pouso de onde o avião decolou e do destino, recuperar documentos, dados de inspeções técnicas, de manutenção do avião, além de ver a qualidade do combustível usado na operação.
Em nota, a Aeronáutica informou que “investigadores do Terceiro Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SERIPA 3), localizado no Rio de Janeiro (RJ), órgão regional do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA)” foram deslocados para o local da tragédia para apurar o acidente.
“Na ação inicial, os investigadores identificam indícios, fotografam cenas, retiram partes da aeronave para análise, ouvem relatos de testemunhas, reúnem documentos, etc. Não existe um tempo previsto para essa atividade ocorrer, dependendo sempre da complexidade da ocorrência”, afirmou a FAB.
“O objetivo das investigações realizadas pelo Cenipa é prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram. A conclusão das investigações terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os fatores contribuintes”, disse a Aeronáutica.
Conforme a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o avião de Marília Mendonça estava com a documentação em dia e tinha autorização para fazer táxi aéreo.
Sem caixa preta
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informou, na tarde deste sábado (6), que o avião que caiu matando a cantora e compositora Marília Mendonça e mais quatro pessoas não tem caixa-preta.
Segundo o órgão, na aeronave foi encontrado um spot geolocalizador para ser confrontado com o plano de voo. Essa é umas evidências que poderá ajudar a entender as causas do acidente que aconteceu na tarde de sexta-feira (5) em Caratinga, no interior de Minas Gerais.
Ainda de acordo com o Cenipa, todas as evidências que podem ser usadas na investigação já foram retiradas da aeronave e que os peritos não vão mais entrar no avião. Agora, o órgão aguarda a remoção dos destroços, que deve ser feita pela PEC Táxi Aéreo para que outra parte da perícia aconteça.
O avião deve ser retirado do local neste domingo (07) e levado para o aeroporto em que deveria ter pousado.